sexta-feira, 1 de agosto de 2025

História Postal e Presença Judaica no Algarve (1866): Carimbo Numérico 208 e Papel Timbrado de Samuel Amram



 📌 Descrição Técnica

Data do documento: 16 de março de 1866

Remetente: Samuel Andersen

Destinatário: Henrique Andersen

Endereço: Largo de São João Napomuceno às Escadinhas, Nº 8, Lisboa

Local de expedição: Faro

Franquia: Selo de 25 réis não denteado da emissão D. Luís I – CE 16

Carimbo obliterador:

  • Tipo: Carimbo de barras circular
    • Classificação: 4.3.4
    • Numeração: 208 (atribuído a Faro)
    • Marca de origem: Carimbo circular de Faro – 17-03-1866
    • Marca de chegada: Carimbo quadrado preto de Lisboa – 19-05-1866
    • Suporte: Papel timbrado com o nome "Samuel Amram – Faro"

🧭 Análise Marcofílica

Carimbo Numérico 208

  • Pertence à 1.ª reforma postal portuguesa (1853–1870).
  • Atribuído à estação postal de Faro, é um dos carimbos numéricos mais representativos do sul do país.
  • O tipo 4.3.4 (barras circulares com número ao centro) é característico da época e valorizado em coleções de marcofilia clássica.

🕰️ Carimbos de Trânsito e Chegada

  • O carimbo circular de Faro confirma a expedição a 17 de março de 1866.
  • O carimbo quadrado de chegada a Lisboa, datado de 19 de maio de 1866, apresenta um intervalo invulgar de dois meses, sugerindo possível retenção, reexpedição ou erro postal.

🕰️ Enquadramento Histórico

A carta foi redigida em papel timbrado de Samuel Amram, figura marcante da história judaica no Algarve. Amram terá sido o primeiro judeu a chegar à região, vindo de Tetuão em 1813. No século XIX, muitos judeus em Portugal e na Europa enfrentavam pressões sociais e económicas que os levavam à assimilação cultural, frequentemente através da mudança de nomes.

O edifício onde Samuel Amram instalou a sua atividade industrial é hoje o Museu Municipal de Faro. Originalmente uma judiaria, foi depois convento, armazém de peixe e, finalmente, fábrica de cortiça durante cerca de 100 anos, após aquisição por Amram.

🖼️ Importância Filatélica e Marcofílica

A peça é um testemunho da rede postal portuguesa no século XIX, com destaque para a utilização de carimbos numéricos e marcas de trânsito.

A presença de papel timbrado comercial e a ligação à história da comunidade judaica no Algarve conferem-lhe valor documental e cultural.

A carta é relevante para coleções temáticas sobre:

  • Carimbos numéricos da 1.ª reforma postal
  • História postal do Algarve
  • Correspondência comercial do século XIX
  • Presença judaica em Portugal

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